O Fantasma da Depressão na Terceira Idade
A depressão afeta milhões de pessoas e acima dos 60 anos de idade no mundo todo, mas apesar de ser uma doença de tão alta prevalência, a depressão em idosos continua a ser uma doença pouco diagnosticada e por isso tratada incorretamente.
Um estudo publicado em 2009 na respeitada publicação médica Lancet mostrou que mais da metade dos casos de depressão em adultos com idade acima dos 65 anos não são diagnosticados corretamente.
Foram examinados 3084 pacientes nesta faixa etária na Suécia, por médicos experientes que diagnosticaram 182 pacientes com quadro de depressão. O que chamou a atenção nestes casos é que apenas um terço destes pacientes estava recebendo o tratamento correto indicado, com antidepressivos e psicoterapia.
A situação mais grave mostrada neste estudo foi que quase metade dos pacientes estava recebendo medicações para ansiedade e insônia ao invés de antidepressivos e portanto não estavam recebendo o tratamento adequado.
DIFICULDADES NO DIAGNÓSTICO
Depressão em idosos é um diagnóstico muitas vezes difícil de ser feito por clínicos em geral. A grande dificuldade é que as queixas dos pacientes nesta faixa etária geralmente não se relacionam com o quadro comum esperado. Queixas comuns nestes casos costumam ser de perda de memória, insônia, esquecimento, ansiedade e apatia.
Associado à isto existe ainda o estigma de ser diagnosticado com um transtorno psiquiátrico, o que faz com que inconscientemente o paciente e a família procurem tratamento para os sintomas somáticos como a insônia e não para o problema de base. Ainda existem outras doenças que apresentam sintomas semelhantes como os quadros demenciais, (Alzheimer, Parkinson, etc ) que ajudam a confundir o diagnóstico.
O papel da família no diagnóstico correto e tratamento da depressão em idosos é fundamental, em observar as mudanças no comportamento, levantar a possibilidade questionando o médico sobre a possibilidade deste diagnóstico e apoiando o doente na busca do tratamento correto e a cura desta doença tão triste, que leva milhares de pacientes todos os anos a cometer suicídio, mas que possui tratamento, para que nossos entes queridos tenham uma convivência familiar saudável e não passem os seus últimos anos e décadas de vida lutando com este fantasma, sem ao menos terem sido diagnosticados corretamente.
Fonte: American Journal of Geriatric Psychiatry
Por Dr. Octavio Morales